ATA DA NONAGÉSIMA TERCEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 29-10-1999.

 


Aos vinte e nove dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos foi efetuada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cláudio Sebenelo, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Paulo Brum, Renato Guimarães, Saraí Soares e Sônia Santos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Tereza Franco. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias das Atas da Vigésima Sexta e Vigésima Sétima Sessões Solenes, que foram aprovadas. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador João Motta, o Projeto de Lei do Legislativo nº 180/99 (Processo nº 3361/99). Ainda, foi apregoado o Ofício nº 620/99, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Veto Parcial ao Projeto de Lei do Legislativo nº 84/99 (Processo nº 1963/99). Do EXPEDIENTE, constou o Ofício nº 39/99, do Senhor Paulo Roberto Teixeira Guerra, Gerente GETES/DEFIN do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES. Após, foi apregoado Requerimento do Vereador João Dib, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Alberto Moesch, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à Senhora Lúcia Mariano da Rocha Silla, Presidenta da Associação Gaúcha de Doença Falciforme, que teceu considerações sobre os níveis de incidência da doença falciforme na população brasileira, descrevendo seus sintomas e defendendo a adoção de medidas que garantam a realização, pelos órgãos públicos de saúde, de exames para a detecção dessa doença. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Gilberto Batista, Saraí Soares, Cláudio Sebenelo, João Carlos Nedel e Clênia Maranhão manifestaram-se a respeito do assunto abordado durante a Tribuna Popular. Na ocasião, foi apregoado Requerimento do Vereador Cyro Martini, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Giovani Gregol, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. Às nove horas e trinta e cinco minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às nove horas e trinta e seis minutos, constatada a existência de “quorum”. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 59/99; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 142, 176 e 172/99, este discutido pelos Vereadores Cláudio Sebenelo, Adeli Sell, Gilberto Batista e Juarez Pinheiro, o Projeto de Lei do Executivo nº 41/99, discutido pelo Vereador Guilherme Barbosa, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 04/99, discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro e Guilherme Barbosa. Na oportunidade, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento do Vereador Carlos Alberto Garcia, solicitando Licença para Tratar de Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente João Batista Pirulito, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Educação, Cultura e Esportes. Às dez horas e oito minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dez horas e quatorze minutos, constatada a existência de "quorum". Após, constatada a existência de "quorum", foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador Guilherme Barbosa, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na Ordem do Dia. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 70/99, com ressalva da Emenda nº 01 a ele aposta. A seguir, foi rejeitada a Emenda nº 01 aposta ao Projeto de Lei do Legislativo nº 70/99, após ser encaminhada à votação pelo Vereador Cláudio Sebenelo. Em Discussão Geral e Votação, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 139/97 que, após ser discutido pelos Vereadores Gilberto Batista, Renato Guimarães, Luiz Braz, Antônio Losada, Juarez Pinheiro, Décio Schauren, Giovani Gregol, Maristela Maffei, Cláudio Sebenelo e Reginaldo Pujol, teve interrompida sua apreciação em face do término dos trabalhos devido a problemas no fornecimento de energia elétrica no Plenário Otávio Rocha. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo nº 139/97, os Vereadores Paulo Brum, Tereza Franco e João Motta cederam seus tempos de discussão, respectivamente, aos Vereadores Gilberto Batista, Luiz Braz e Giovani Gregol. Também, os Vereadores Luiz Braz e Gilberto Batista, através de Questões de Ordem, manifestaram-se sobre o pronunciamento efetuado pelo Vereador Juarez Pinheiro durante a discussão do Projeto de Lei do Legislativo nº 139/97, tendo o Vereador Juarez Pinheiro manifestado-se a respeito e tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o assunto. Ainda, o Vereador Nereu D'Ávila, na presidência dos trabalhos, solicitou cópias do pronunciamento do Vereador Juarez Pinheiro, acima referido, tendo o Orador manifestado sua anuência a essa solicitação. Às doze horas e um minuto, face a problemas no abastecimento de energia elétrica do Plenário Otávio Rocha, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Juarez Pinheiro e Adeli Sell e secretariados pelo Vereador Adeli Sell. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. João Dib solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia 29 de outubro, hoje.

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença do Ver. João Dib e dada a posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

Passamos à

TRIBUNA POPULAR

 

A Dra. Lúcia Mariano da Rocha Silla, representando a Associação Gaúcha de Doença Falciforme, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.

 

A SRA. LÚCIA MARIANO DA ROCHA SILLA: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, bom-dia. Quero agradecer a oportunidade de poder estar presente, divulgando e alertando sobre a doença falciforme.

A doença falciforme é um defeito na oxigenação do sangue. É uma doença genética, transmitida de pai para filho, que traz uma série de problemas de saúde para a pessoa. Afeta, primordialmente, indivíduos da raça negra, no entanto, no Brasil, neste momento existem inúmeros pacientes brancos, devido à miscigenação.

O defeito na oxigenação e na circulação do sangue que é causado por esta doença faz com que, microscopicamente, em todo o organismo ocorram tromboses, pequenos enfartos. O resultado disto é uma mortalidade de aproximadamente 50% das crianças portadoras desta doença, até a idade de cinco anos. E mais tarde, o indivíduo adulto tem todo o seu organismo comprometido, como o coração, pulmões, cérebro, etc. Mas o que é mais difícil nessa doença é a dor, o indivíduo tem muita dor, dor generalizada, e a dor não aparece, ou seja, o aluno vai para o colégio, tem preguiça e desatenção, porque tem anemia, e queixa-se de dor. E o professor, ao nada enxergar, pensa que ele não está querendo comparecer à aula. Essa sintomatologia acompanha o indivíduo a vida inteira, e na adolescência é muito freqüente que ele se torne adicto a drogas analgésicas porque a dor é muito intensa.

O que queremos na Associação Gaúcha de Doença Falciforme é que as autoridades e o público em geral reconheçam que essa doença é de extrema importância para a saúde pública. Só para se ter uma idéia, no Rio Grande do Norte e em Pernambuco nasce um indivíduo afetado, portador do gene, para cada vinte nascimentos e no Rio Grande Sul a ocorrência do gene é um para cada cinqüenta e cinco nascimentos. O que queremos? Já que a doença é infinitamente mais freqüente do que todas as outras doenças genéticas descritas, as outras são testadas, por lei, no Teste do Pezinho, nós gostaríamos que as autoridades disponibilizassem esse teste, aumentando sua abrangência diagnóstica para detectar precocemente indivíduos portadores de doença falciforme. Essa medida diminui para 2% a mortalidade das crianças, tornando a vida do indivíduo extremamente mais fácil, pois ele terá uma assistência adequada desde o nascimento. Na verdade, além da dor, o paciente tem muitas infecções e por isso ele morre. Então o diagnóstico precoce e o estabelecimento de uma lei que obrigue que seja feita a eletroforese de hemoglobina, um teste extremamente simples e barato - está em torno de dois reais -, se ele pudesse ser incluído e tornado obrigatório, temos certeza de que aí teríamos a magnitude do problema e poderíamos, mais tarde, lutar para que se dimensione uma assistência de saúde propícia e apropriada para esses indivíduos. Estou à disposição para quaisquer esclarecimentos. Obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a Dra. Lúcia Silla para compor a Mesa dos trabalhos.

O Ver. Gilberto Batista está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Primeiramente, saudar a Dra. Lúcia Silla, Presidente da Associação Gaúcha de Doença Falciforme, que veio prestar a esta Casa esclarecimentos importantes sobre esse tipo de doença, incomum, até este momento, para este Vereador, e V. Sa. traz, a esta Casa, um alerta. Acredito que através da Presidenta da Comissão de Saúde, a Vera. Sônia Santos, esse assunto será encaminhado para que haja uma resposta quanto a sua solicitação, de introduzir esse exame no Teste do Pezinho. E junto com a Associação, pressionar os órgãos públicos competentes para encaminhar esse assunto. Nesse sentido fico preocupado com esses dados trazidos para esta Casa. Encaminho para que a Comissão de Saúde, através da sua Presidência, possa, a partir desse momento, tratar desse assunto de extrema importância para a nossa Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Vamos apregoar Requerimento, de autoria do Ver. Cyro Martini, solicitando Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje. Acompanha o Requerimento competente atestado médico do setor da Casa.

 

(Obs.: Foi apregoado Requerimento de licença do Ver. Cyro Martini e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

A Vera. Saraí Soares está com a palavra para se manifestar a respeito de assunto abordado na Tribuna Popular.

 

A SRA. SARAÍ SOARES: Sr . Presidente e Srs. Vereadores, em nome do Partido dos Trabalhadores, eu gostaria de esclarecer que o uso da tribuna já é um encaminhamento que a Comissão de Saúde propôs, hoje, neste Plenário; além de esclarecer os outros Vereadores, teremos que fazer algum encaminhamento que possa garantir que esse teste seja feito junto com o Teste do Pezinho.

O Teste do Pezinho já está sendo muito ludibriado, em várias instituições onde os bebês nascem, há muita dificuldade em fazer esse teste. Incluir esse teste ao Teste do Pezinho é uma tarefa desta Casa, esse deve ser o compromisso desta Casa, fazer os encaminhamento na Comissão de Saúde. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Dra. Lúcia, é um prazer muito grande recebê-la aqui, gostaria de dizer, inicialmente, que a senhora tem toda a nossa solidariedade, todo o nosso apoio.

Nós temos, com muita freqüência, pacientes com fibrose cística, pacientes com hepatite - nós temos o Dia da Hepatite - câncer infantil, diabetes, são moléstias, umas mais raras outras menos. Mesmo com a democracia, a participação das minorias e o tratamento dos seus interesses, a nossa área da saúde é uma área tão dura, tão difícil, tão delicada, tão doída

Vera. Saraí Soares, não se faz mais o Teste do Pezinho nos hospitais, porque a Secretaria de Saúde do Estado lançou uma Portaria, onde menciona que passa a ser da Secretaria da Saúde a responsabilidade de fazer esse teste, e não dos hospitais. Então se alguma vez, em algum hospital, não foi realizado o Teste do Pezinho, é porque há essa determinação, é uma responsabilidade da Secretaria de Saúde estadual.

Certamente, esse tipo de teste nos ajudará principalmente em uma das coisas que deve preponderar em qualquer política médica, ou seja, a prevenção.

Nós que participamos da angústia dos nossos pacientes, somos regidos por um Código de Ética e temos a obrigação de sintonizar, empaticamente, com os nossos pacientes. Nós compreendemos, perfeitamente, o seu trabalho, que só pode ser medido por uma unidade de medida, ou seja, a da grandeza humana. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do Partido Progressista Brasileiro, composta pelos Vereadores João Dib, Pedro Américo Leal e, hoje, o Alberto Moesch, cumprimento a Dra. Lúcia Mariano da Rosa Silla pelo seu trabalho. A saúde preocupa-nos. Realmente, temos, nesta Câmara, dificuldades para entender esse assunto. Solidarizo-me com a Vera. Saraí Soares por propor o encaminhamento dessa questão para que a Câmara tenha uma oportunidade de ser orientada e encaminhar uma solução. Há pouco, juntamente com o Doutor e Ver. Cláudio Sebenelo, estávamos tratando de um caso raro de saúde pública e notamos como temos dificuldades com relação a esse assunto.

Dra. Lúcia Silla, seja bem-vinda. Meus cumprimentos pelo seu trabalho de colaboração com esta Câmara de Vereadores. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Dra. Lúcia Mariano da Rocha Silla, em nome da minha Bancada, reafirmamos, na sua presença, a preocupação que temos tido com este tema. Tivemos a oportunidade de conhecer mais esta problemática, através de uma verdadeira aula que a Dra. Lúcia nos deu na Comissão de Saúde. Entendendo mais esta questão, cresceu em nós a responsabilidade, enquanto legisladores, de construir alternativas concretas, no Município de Porto Alegre, no combate a este grave problema, mas ainda tão desconhecido da população. Nós esperamos que a sua presença, aqui, hoje, também tenha cumprido este papel de fazer com que a sociedade de Porto Alegre, de posse desses dados, possa expressar de uma forma mais concreta a sua solidariedade.

Acredito, também, que nós, como pessoas públicas, temos que contribuir para o enfrentamento desta questão, não só no nosso Município, mas através dos contatos que nós temos com os nossos parlamentares, em nível estadual e federal, de procurar, também, um avanço, em nível nacional, no enfrentamento do problema. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Vera. Clênia Maranhão. Não há mais nenhuma bancada inscrita. O Ver. João Batista Pirulito ainda não pode se manifestar, porque não temos quórum para votar a licença do Ver. Carlos Alberto Garcia.

Agradecemos a presença da Presidente da Associação Gaúcha de Doença Falciforme, Dra. Lúcia Mariano da Rocha Silla, que vem alertando a sociedade em geral e esta Casa sobre gravidade da questão levantada na tribuna e, assim, contribuindo na propulsão de políticas públicas que possam enfrentar esta questão. Nos sentimos honrados com a sua presença.

Vamos suspender a Sessão por alguns minutos para que os Srs. Vereadores possam se despedir da Dra. Lúcia Mariano da Rocha Silla.

Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 9h35min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 9h36min): Estão reabertos os trabalhos.

 

Passamos à

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com apartes)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 3362/99 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 059/99, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que confere o troféu Honra ao Mérito à Associação Internacional de Lions Clubes.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 3115/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 172/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que dispõe sobre controle da quantidade de açúcar na merenda escolar.

 

PROC. 3293/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 176/99, de autoria do Ver. Adeli Sell, que institui o Dia do Reciclador  e da Reciclagem de Lixo no Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

PROC. 3327/99 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 041/99, que inclui Anexo na Lei nº 8330, de 25 de agosto de 1999, que cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada do Município, e dá outras providências.

 

PROC. 3341/99 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 004/99, que autoriza a transferência do potencial construtivo de imóvel para fins de restauração de imóvel tombado e dá outras providências.

 

PROC. 2760/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 142/99, de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que institui o Fundo Municipal de Reequipamento de Bombeiros (FUMREBOM).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria de discutir o Projeto do Ver. Adeli Sell, que dispõe sobre o controle da quantidade de açúcar na merenda escolar. Enquanto este Projeto não vier acompanhado de um profundo estudo de endocrinologistas, especializados na matéria - e isto não está no Processo -, mas parece-me que é fundamental para que, antes de chegar em Plenário, o assunto seja esgotado em um centro de pesquisa.

Se, por um lado, há contra-indicações em relação ao açúcar, por outro, há uma substância no nosso organismo chamada glicose, e o açúcar é glicose em estado puro, que é imprescindível à vida, o combustível que move a vida, um hidrocarboneto, com seis moléculas de carbono, chamado glicose e que é fonte energética. A grande maioria de todos os hexacarbonados, quando chegam ao intestino, são absorvidos na forma de glicose. Então, é fundamental que na merenda tenha açúcar, especialmente para as crianças. O açúcar é um energético, um alimento que não se pode privar a maioria das crianças, fazendo uma lei genérica - quando é imprescindível que, principalmente, pela manhã, seja ingerido o açúcar - em favor daquelas crianças que têm algum processo de diabetes ou alguma outra patologia que possa manifestar qualquer intolerância à glicose.

Para que esse Processo viesse ao debate, eu gostaria que houvesse antes alguma coisa vinda da associação médica, especialmente do ponto de vista de seus endocrinologistas ou da Associação Brasileira de Endocrinologia para que as pessoas saibam que, mesmo não colocando açúcar, ou o açúcar mascavo como, por exemplo, o pão que tem uma quantidade importante de amido que, quando chega ao intestino, se transforma em glicose. Então, não adianta dosar a quantidade de açúcar que se dá a uma criança, se outros produtos que não são açúcares, mas que podem-se transformar em glicose, como o amido que não tem o aspecto do açúcar e que é usado como alimentação vegetal e que contém, na sua última análise, no intestino, glicose.

Assim, eu penso que esse Projeto deve vir acompanhado de um estudo e de pesquisa relacionada não só aos diabéticos, mas também analisando os grandes problemas carenciais e, muitas vezes, as hipoglicemias patológicas, pelo jejum e pela fome, que só com a presença do açúcar na alimentação será corrigida, através de alimentos que contenham substâncias que serão absorvidas como glicose.

Então, eu proponho que esse Projeto venha acompanhado de um estudo endrocrinológico para ser melhor debatido, com uma nuança técnica imprescindível para um debate mais forte sobre o assunto. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está inscrito para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, senhoras e senhores, eu queria agradecer, Ver. Cláudio Sebenelo, pelas preocupações que V. Exa. acaba de levantar.

A Exposição de Motivos, Ver. Cláudio Sebenelo, contou com a participação de uma pessoa conhecida sua, que é o médico Balduíno Tschiedel, do Instituto de Criança com Diabetes. E tivemos a participação, não apenas daquele Instituto, mas também do Conselho Regional de Nutrição, da Faculdade de Odontologia da UFRGS, das Secretarias Municipais de Saúde do Estado e do Município, e da Educação do Estado e do Município. Eu já enviei cópias ao Conselho Regional de Medicina - AMRIGS - enfim, a todas as instituições que têm a ver com o tema.

O Ver. Sebenelo, inclusive, levanta uma questão para a qual eu não havia atentado, e vou fazer, enviar para a Associação Brasileira de Endocrinologia. Acho uma boa sugestão para que, efetivamente, os técnicos, os profissionais, os médicos, as pessoas que tratam desse assunto, possam dar uma opinião balizada.

Eu confesso aos Srs. Vereadores que, ao elaborar esse Projeto, aprendi muita coisa. Nós, que não somos profissionais da área da saúde, tivemos até dificuldades, no início de debate, de colocar as devidas porções. E, como disse o Vereador muito bem, o consumo de um determinado alimento, no organismo, pode-se transformar em glicose. Portanto, o consumo de açúcar é além daquilo que normalmente se coloca num bolo, numa bolacha, enfim, num alimento que é consumido pelas crianças.

Queria a atenção dos senhores para o seguinte: se passarmos os olhos numa escola, seja uma escola de periferia ou particular, vamos encontrar o mesmo problema., ou seja, crianças pobres consumindo o mesmo grau de açúcares e guloseimas que as outras crianças, porque há uma forte tendência de as grandes empresas colocarem os produtos com açúcar mais barato do que aqueles que nós sugerimos, mais adequados à boa alimentação das crianças e com uma dosagem correta.

Vejam que nós mantivemos o açúcar mascavo dentro de determinados critérios, determinadas dosagens, porque, segundo as informações e os debates que ocorreram o problema fundamental é com o açúcar refinado.

Já tivemos na Tribuna Popular desta Casa o Instituto da Criança com Diabetes, mostrando as grandes dificuldades que vamos encontrar com essas crianças que estão consumindo de forma desordenada esses produtos com açúcar.

O nosso Projeto está completamente aberto para receber emendas e discussões, e não poderia ser diferente. Depois da intervenção da Ver. Cláudio Sebenelo, que é médico, quero dizer, em especial, aos colegas Vereadores da Comissão de Saúde, que talvez, quando o Projeto chegar à Comissão de Saúde, nós pudéssemos fazer uma debate mais aprofundado no âmbito da Comissão. Se existe uma posição técnica, Ver. Alberto Moesch, temos o dever de aprofundar o debate sobre a questão técnica. Nem todos os Vereadores têm a formação na área da saúde, mesmo os que integram a Comissão, mas sem dúvida nenhuma temos dezenas de profissionais da área da saúde que poderão ser consultados, o que nós queremos com este Projeto é promover um intenso debate sobre essa importante questão. Crianças obesas podem ser adultos com diabetes e poderão ter graves problemas de saúde no futuro, porque tiveram na creche, na escola infantil e nas escolas uma alimentação completamente inadequada.

Houve alguns avanços em Porto Alegre, porque já há um Conselho de Merenda, desde 96, mas falta muito em todas as partes de nosso Estado.

Humildemente trazemos para debate esta questão e evidentemente os Vereadores contribuirão com emendas e soluções que possam ser dadas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Ver. Carlos Alberto Garcia, solicitando Licença, na data de hoje, para Tratamento de Assuntos Particulares, pois participará de uma reunião do Conselho Federal de Educação Física - CONFEF -, na Cidade de Campo Grande.

 

(Obs.: Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Carlos Alberto Garcia e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O Ver. Gilberto Batista está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs. Vereadores, abordo o tema do Projeto do Ver. Adeli Sell que dispõe sobre o controle de qualidade de açúcar na merenda escolar.

Observei a Exposição de Motivos feita pelo Vereador, onde ele alega que a criança e o adolescente, como propagadores de conhecimento às suas famílias, ajudam a prevenir várias doenças relacionadas à alimentação desequilibrada. O açúcar refinado em excesso é prejudicial à saúde. Eu concordo com V. Exa., além de ser uma caloria vazia, leva à formação de cárie dental e pode causar doenças como a diabetes, hipertensão arterial cardiopática, problemas articulares e, principalmente, a obesidade.

Até aí, Ver. Adeli, o Projeto de V. Exa. tem uma preocupação justa. Mas, escutando atentamente a fala do nobre Ver. Cláudio Sebenelo, que é médico, e é dessa área, vejo que ele nos alerta, realmente, para algumas indagações. Concordo plenamente com ele, no momento em que solicita - e é solicitação também deste Vereador - para melhor embasamento, um parecer da Associação Brasileira de Endocrinologia, o que seria muito importante. V. Exa. refere que fez consulta à Associação Médica do Rio Grande do Sul, mas, no Projeto, não vejo nenhum parecer da Associação. Eu acredito que isso deveria estar aqui para termos um melhor embasamento.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não quero entrar no mérito do Projeto, que pode até ser muito bom, mas, quando se visa dar a uma população inteira um tipo uniforme de alimentação, eu gostaria que houvesse, pelo menos, um parecer que elucidasse as nossas dúvidas e que nos orientasse sobre a saúde pública. Eu sei que, muitas vezes, uma criança obesa necessita de um tratamento especializado, então essa terá uma dieta à parte; um diabético infantil ou juvenil terá um tratamento diferenciado, estando também excluído disso aí, e outros até podem ser prejudicados por uma dieta rica em excesso de açúcar.

Por outro lado, quando sabemos que existem carências alimentares e que o açúcar também é uma fonte de energia, parece-me importante elucidar as nossas dúvidas a esse respeito. O mérito deste Projeto, indiscutivelmente, é o debate para que haja exatamente essa providência. Muito obrigado.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Muito obrigado, Ver. Cláudio Sebenelo, seu parte é esclarecedor para este Vereador.

Ver. Adeli Sell, acredito que a sua iniciativa é justa. Nós temos várias escolas em regiões carentes da nossa Cidade. É preocupante o desequilíbrio alimentar dessas crianças em função do alimento que as famílias têm condições, ou não, de colocar na mesa. Entendemos que as pessoas mais carentes se utilizam de alimentos de custo mais barato que possam estar dentro do seu orçamento, que já é pouco, Vereador, e, por isso, essas crianças consomem uma alimentação de má qualidade. O baixo salário mínimo no nosso País, a falta de emprego, enfim, uma série de coisas faz com que a família ofereça para a sua criança o mínimo de uma alimentação adequada, ocasionando excessos de massas, doces e guloseimas.

Acredito, Ver. Adeli Sell, que o seu Projeto é justo. V. Exa. levanta bem a questão sobre a preocupação com a obesidade e cáries. Atentamente, li, no seu Projeto de Lei, principalmente o art. 5º, o qual eu gostaria que debatêssemos bastante, que diz: (Lê.) “Fica vedada nos bares e cantinas das instituições a venda de salgadinhos, refrigerantes, balas, bombons, chicletes, guloseimas em geral, embutidos, garantindo a venda de sucos, chás, frutas in natura, vitaminados e congêneres”. Ver. Adeli Sell, juro que não entendi o art. 5º. Será que se quer tirar todos os bares das escolas, deixando várias pessoas desempregadas, os proprietários e suas famílias? V. Exa. quer colocar nos bares das escolas um hábito - que deve fazer parte do seu dia-a-dia - que a criança carente não vai poder comprar, que é a venda de sucos, chás, frutas in natura, vitaminados e congêneres. Teríamos que revisar esse art. 5º, porque V. Exa. está tirando dos bares das escolas aquelas pessoas que hoje lá estão trabalhando para poder sobreviver com suas famílias.

Sei que essa não é a intenção de V. Exa. mas, com esse artigo, o Conselho Municipal de Alimentação Escolar, que acredito que seja um dos conselhos que vai ter fundamental importância na fiscalização de execução desse Projeto, vai ter que atuar em cima desses bares, desses restaurantes localizados nos prédios das escolas.

Aliás, Ver. Adeli Sell, aproveitando essa oportunidade, não veja nenhuma fiscalização concreta por parte da Secretaria da Saúde do Município, por parte da Secretaria de Indústria e Comércio, sobre o funcionamento desses bares, que devem ter uma normatização para o seu funcionamento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Adeli Sell): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra, no período de discussão de Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ver. Pedro Américo Leal, poucas vezes vi nessa legislatura um período de Pauta ser tão bem utilizado como está sendo hoje. Exatamente é esse o objetivo dessa parte da Sessão, ou seja, os Vereadores apresentam a proposição, que pode ser aperfeiçoada na sua tramitação, principalmente nas comissões técnicas, dando ciência, principalmente agora que temos um canal de televisão que transmite nossas Sessões à sociedade civil, às pessoas envolvidas com a questão, para que elas possam também participar dos debates.

Eu brinco e digo que ninguém bate em saco vazio! O Projeto do Ver. Adeli Sell está sendo tão comentado porque realmente é um projeto de fôlego, um projeto importante e que honra esta Casa.

Eu quero ressaltar que, conversando com o meu colega, Adeli Sell, à mesa, ele tem chamado a atenção para o fato de que conversou com inúmeros setores da sociedade médica, inclusive com o Presidente da Associação do Diabete Infantil, que nós conhecemos, Ver. Cláudio Sebenelo, Dr. Tschiedel, pessoa que foi, inclusive, da Direção do Hospital Conceição, que endossa plenamente a proposição do Ver. Adeli Sell. Eu, na questão do diabete, não conheço muito, mas, como me envolvi na discussão da questão da obesidade, que também é um dos problemas que a proposição do Ver. Adeli Sell objetiva prevenir, quero dizer que, hoje - e o Ver. Cláudio Sebenelo, que é médico, sabe -, nós temos uma verdadeira epidemia de obesidade infantil. Aliás, a questão da obesidade: hoje, no mundo, no mínimo, de 20 a 30% das pessoas têm um acréscimo no seu peso corporal, na sua massa corpórea. E, vejam bem: 50% das mulheres pesam, no mínimo, 10 a 20% acima do seu peso. Esses problemas que se originam, principalmente, na infância, ou por problemas de distúrbios glandulares ou por problemas de má alimentação, hoje estão-se tornando um caso de saúde pública. A Associação Médica já entende que há uma verdadeira epidemia e a questão da obesidade infantil é um assunto da maior importância.

Vejam, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, que são principalmente as pessoas pobres que têm maior problema de obesidade, porque essas pessoas, em primeiro lugar, se alimentam de componentes farináceos, que contém muitas calorias e são os mais baratos e, também, não têm acesso a uma instrução maior que possa elucidá-las sobre a qualidade desses alimentos, sem falar que são pessoas que, desde criança, precisam trabalhar e não têm tempo de fazer ginástica, de fazer o seu cooper.

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu só queria gizar duas coisas. Primeiro, eu acho que é um bom projeto e se presta a esse tipo de debate. Em segundo lugar, muitas vezes é necessário, fundamental, imprescindível que a autoridade sanitária, a autoridade da saúde pública escreva alguma coisa, e não estou dizendo isso no sentido de contestar o Projeto. O mérito do Projeto está salvo.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Cláudio Sebenelo. eu entendo que a Comissão de Saúde poderá tranqüilamente fazer toda a discussão que V. Exa. requer.

O Ver. Adeli Sell conversou com inúmeros profissionais da área da saúde, eu salientei o Sr. Balduíno Tschiedel, que é uma pessoa por nós todos conhecida e é da Associação dos Diabetes Infantil, ele dá absoluta guarida à proposição. Mas, sem dúvida nenhuma, V. Exa., como médico, mesmo não sendo desta área, poderá, agora, na Comissão de Saúde, juntamente com todos nós, envolver-se nesta matéria e aperfeiçoá-la.

Acho, Ver. Adeli Sell, que, com certeza, V. Exa. conseguirá, da Associação de Endocrinologia, o que solicita o Ver. Cláudio Sebenelo. E é exatamente para isso que nós estamos aqui neste período de Pauta.

Por fim, eu quero chamar a atenção dos Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras - em razão de ter pouco tempo, abordarei o assunto de uma forma mais perfunctória - para o Processo nº 3341/99, PLCE nº 004/99, que autoriza a transferência do potencial construtivo de imóvel para fins de restauração de imóvel tombado e dá outras providências. Esse imóvel tornar-se-á sede do IAB e vários Vereadores, inclusive o Ver. Luiz Braz, que está aqui presente, esteve conosco recebendo o Presidente do IAB e o Sr. Prefeito Municipal, quando trouxeram, a esta Casa, esta proposta, a qual, em outra oportunidade, gostaria de abordar, e é de suma importância que nós todos venhamos a aprová-la da forma mais séria possível. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver. Juarez Pinheiro, V. Exa. agora assume os trabalhos.

 

O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, aproveito este tempo de discussão preliminar dos nossos projetos para referir-me a dois Projetos do Executivo Municipal.

O primeiro é um projeto muito simples que, na verdade, tem origem na necessidade de corrigir uma falha tanto do Executivo, quanto da nossa Câmara, que não se deu conta de que, quando foi encaminhado aquele Projeto que abriu mais de 800 vagas para a Secretária da Saúde e Secretaria da Educação, faltou a descrição das atividades e atribuições de um dos cargos, que estavam ali colocados. Aliás de dois cargos: de físico e de técnico de segurança do trabalho. Eram muitos cargos e dois faltaram: físico e técnico de segurança do trabalho. A falha se originou lá no Executivo, e nós, aqui no Legislativo, também acabamos deixando passar essa omissão, e, portanto, agora, o Sr. Prefeito corrige esse problema encaminhando este Projeto. Então, ele é muito simples, e depois quero conversar com as Lideranças para ver se nós podemos pedir urgência neste processo, pela sua simplicidade e pelo objetivo que tem: o de preencher a falha de uma lei já aprovada.

Outro projeto importante, que suscitou, inclusive, a vinda do Sr. Prefeito a esta Casa, comentado há pouco pelo Ver. Juarez Pinheiro, é o Projeto que pretende trabalhar com a questão de índice, autorizando a transferência do potencial construtivo de imóvel para fins de restauração de imóvel tombado e dá outras providências.

No art. 1º é dito: “Fica o Poder Executivo autorizado a permitir a transferência, mediante requerimento do proprietário, do potencial construtivo do imóvel situado na Rua Riachuelo, nº 579, nesta Capital. Em face de ser um prédio tombado não ser computável a sua área construída, nos termos do art. 140, inciso V, da Lei Complementar nº 43/79.” O imóvel localizado nesse endereço foi ocupado pelo Conde de Porto Alegre, o Sr. Manoel Marques de Souza, portanto, é uma construção, uma edificação que, além das suas características importantes enquanto edificação, Ver. Giovani Gregol, faz parte também da nossa história, porque o Conde de Porto Alegre foi um - e neste caso penso que poderíamos dizer que infelizmente, mas a história tem de ser registrada e gravada - dos que lutou contra a entrada dos Farrapos na nossa Cidade; mas isso é história, tem de ser mantida, e o Conde de Porto Alegre foi uma liderança que lutou para isso.

Portanto, essa edificação, além de importância arquitetônica, tem importância histórica. Quem vai fazer essa restauração é uma entidade muito respeitada e conhecida em nossa Cidade que é o Instituto dos Arquitetos do Brasil - Secção Rio Grande do Sul.

Parece-me, Srs. Vereadores, que nós também poderíamos dar uma apressada neste Projeto pela sua importância, simplicidade e pela clareza do que está pretendendo o nosso Executivo.

Queria, então, registrar esses dois projetos. O primeiro, apenas uma correção de uma Lei que já foi aprovada e que já está vigendo, mas que teve uma missão: o Executivo esqueceu e nós, também, não nos demos conta, aqui, que faltava a descrição de atribuição e atividade dos cargos para o Executivo.

 

O Sr. Giovani Gregol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Caro companheiro e Líder de Bancada, Ver. Guilherme Barbosa, essas iniciativas que V. Exa. está retomando, sublinhando são muito importantes, pois são iniciativas no sentido de preservar o nosso patrimônio. Isso tem reflexo não só na nossa vida e na Cidade, mas, inclusive, no turismo.

Quero lembrar que a Rua Riachuelo, uma das mais antigas da Capital, tem uma característica histórica, daquilo que sobrou, muito importante. Recentemente, a própria Prefeitura juntamente com a Universidade Federal fizeram, ali, escavações arqueológicas numa casa muito antiga. Nós temos o conjunto com a Igreja das Dores, que liga com a Rua dos Andradas, que deve ser feito um museu, e onde nasceu e viveu Carlos Prestes, naquela quadra que V. Exa. citou e que vai ser restaurada essa residência.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Obrigado pelo aparte, Vereador. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa consulta os Srs. Vereadores, terminado o período de Pauta, considerando as inúmeras proposições que estão na Ordem do Dia, para que pudéssemos fazer um acordo para ingressarmos, de imediato, na Ordem do Dia. Suspendemos, por isso, os trabalhos para breve conversação.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h08min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 10h14min): Estão reabertos os trabalhos.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento): Sr. Presidente, as várias Lideranças desta Casa, em comum acordo, propõem ao Plenário, através de V. Exa., que a seqüência de votação na Ordem do Dia seja a seguinte ordem: os Projetos das folhas 30 (PLL nº 070/99), 13 (PLL nº 139/97), 04 (PELO nº 003/99), 35 (PR nº 027/99), 09 ( PLCE nº 001/99), 16 (PLL nº 043/98, 22 (PLL nº 177/98), 40 (PR nº 048/99) e 03 (PELO nº 002/99), retornando depois a seqüência normal.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Guilherme Barbosa. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 1790/99 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 070/99, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que denomina Esquina da Comunicação a confluência da Rua Caldas Júnior com a Rua dos Andradas, no centro de Porto Alegre. Com Emenda nº 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;

- da CUTHAB.  Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 070/99. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa). APROVADO por unanimidade.

Em votação a Emenda nº 1 aposta ao PLL nº 070/99. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu já conversei com o Ver. Elói Guimarães, que está disposto a retirar a sua Emenda. Só que, neste momento, ele não se encontra aqui.

É o seguinte: conversando com as pessoas da Empresa Caldas Jr., até com seus funcionários, ficou claro que a homenagem é para os jornais: A  Federação - extinto -; Diário Oficial, que está lá; Correio do Povo; antiga Folha da Tarde; antiga Folha Esportiva e para a atual Rádio Guaíba. Então, a homenagem será prestada para o sistema de comunicação todo e não para um só órgão.

Nós gostaríamos que aquela esquina se chamasse Esquina do Povo em homenagem ao Correio do Povo, mas pediram-me que todo o sistema de comunicações fosse homenageado. Essa é a razão, sem nenhum demérito à Emenda do Ver. Elói Guimarães. Ele já me disse, pessoalmente, que retiraria a sua Emenda. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver. Sebenelo. A questão está elucidada.

Em votação a Emenda nº 1, aposta ao PLL nº 070/99. Os Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

(discussão: todos os Vereadores/05 minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 2382/97 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 139/97, de autoria do Ver. Antônio Losada, que normatiza a utilização do sistema de código de barras pelos estabelecimentos comerciais e congêneres e dá outras providências. Com Emendas nºs 01, 03 e 04 e Subemenda nº 01 à Emenda nº 01.

 

Pareceres:

- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 03 e 04 e da Subemenda nº 01 à Emenda nº 01;

- da CEFOR. Relator Ver. Adeli Sell: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 03 e 04 e da Subemenda nº 01 à Emenda nº 01;

- da CUTHAB. Relator Ver. Décio Schauren: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 03 e 04 e da Subemenda nº 01 à Emenda nº 01;

 - da CEDECONDH. Relatora Verª Tereza Franco: pela aprovação do Projeto e das Emendas nºs 01, 03 e 04 e da Subemenda nº 01 à Emenda nº 01.

 

Observação:

- retirada a Emenda nº 02.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 139/97. O Ver. Gilberto Batista está com a palavra para discutir.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, mais uma vez ocupo a tribuna para discutir o Projeto do nobre Ver. Antônio Losada, que normatiza a utilização do sistema de código de barras pelos estabelecimentos comerciais e congêneres e dá outras providências.

O Projeto, na realidade, quer obrigar os supermercados a colocarem etiquetas ou similar com o preço das mercadorias, dos produtos, em reais. Isso porque temos, nos grandes supermercados da Cidade, um sistema de código de barras.

Este Vereador, quando este Projeto estava em Pauta, discutiu o Projeto da tribuna, e alertou o Ver. Antônio Losada de que o Ministério da Justiça, em nível federal, já estava tomando as medidas cabíveis para normatizar o problema que, no momento, acontecia com os supermercados de todo o País. Lembro-me que disse a V. Exa. que iria esperar uma definição do Ministério da Justiça, que o fez com muita rapidez, sobre o Projeto. E o Ministério da Justiça, há três ou quatro meses, posicionou-se e normatizou o código de barras, juntamente com etiquetas similares com preços em real, nos supermercados.

Por este motivo, Ver. Antônio Losada, acho inoportuna a votação do Projeto neste momento, uma vez que o Ministério da Justiça já se pronunciou e está tornando realidade a sua posição em relação a esse assunto.

Acho que este Projeto deveria aguardar, realmente, a execução total desse trabalho do Ministério da Justiça.

Se o Ministério não resolver essa situação, até poderemos entrar no mérito do Projeto, de cunho social, uma preocupação do Ver. Antônio Losada, mas, como aqui já foi referido, o Ministério da Justiça já se pronunciou e está executando o que decidiu.

Não obstante, Ver. Antônio Losada, quero, também, elencar aqui o Parecer prévio da Procuradoria desta Casa, no relatório da Procurador Suziane, que é bem objetivo, para que V. Exas. possam ter clareza em relação ao Projeto. (Lê.) “O Município tem competência para, no exercício do seu poder de polícia, regulamentar a operacionalidade dos estabelecimentos no que se relaciona com a segurança do público, higiene na exposição dos produtos, dias e horários de abertura e fechamento do comércio na Cidade de Porto Alegre.” Diz, ainda, a Procuradora: “Todavia, os preceitos contidos no Projeto buscam regulamentar a situação de consumo, espraiando-se para além da competência legislativa municipal, tendo em vista que nos termos do art. 24, inciso V da Constituição Federal, compete à União e aos Estados legislarem concomitantemente sobre essa matéria.”

O entendimento da Procuradora desta Casa é muito claro, Ver. Pedro Américo Leal, que esse é um assunto que deve ser tratado em nível de Governo Federal e em nível de Governo Estadual. De acordo com o inciso V da Constituição Federal, compete à União, e assim fez o Ministério da Justiça: já está executando a normatização sobre esse assunto.

Por isso, acredito que a Bancada do PTB vai votar contrário ao Projeto. Não entro no mérito, mas pelo fato de o Ministério já ter-se pronunciado de que é inconstitucional, e conforme o Parecer prévio da própria Procuradoria da Câmara, não temos por que votar o Projeto, pois o Ministério da Justiça já está executando o que foi decidido pelo Ministério. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para discutir o PLL nº 139/97.

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu penso que pode caber em nós várias máscaras para não enfrentarmos um assunto sério: pode caber a máscara de que o Projeto é inconstitucional; pode caber a máscara de que é da esfera da União tratar do assunto; pode caber a máscara de que o Supremo Tribunal Federal se manifeste sobre o tema. Agora, seria de extrema incoerência de nossa parte assumir, nesta tribuna, que os Vereadores de Porto Alegre estão negando o debate sobre o direito do consumidor. Isso é incoerência desta Casa Legislativa. Se ela não enfrentar o debate sobre o Projeto do Ver. Antônio Losada, a partir do seu mérito, que é trazer para a Casa o debate sobre o direito do consumidor, não adianta vir na tribuna e listar um conjunto de justificativas, de que é atribuição da União, do Estado, que o Supremo disse isso, que o Supremo disse aquilo.

 

O Sr. Gilberto Batista: V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. RENATO GUIMARÃES: (O Vereador não concede aparte ao Ver. Gilberto Batista.) Não adianta. Ou, então, nós tiramos a máscara e dizemos que há uma forte pressão de um setor econômico que diz que quem deve ter o controle é quem coloca essa mercadoria para vender, e não o consumidor, e, assim, negamos o direito do consumidor.

Devemos enfrentar esse debate, pois esse é um debate colocado para os Vereadores, na disputa sobre a condição de pressão que os cidadãos têm em relação à condição de pressão que setores econômicos desta sociedade têm. E aí eu digo que o Supremo Tribunal de Justiça, pela sua totalidade, se manifestou favorável aos recursos que pedem que as etiquetas tenham preço e validade. Foi por maioria absoluta que o Supremo Tribunal fez essa leitura.

O Ver. Antônio Losada, desde que trouxe este Projeto para a Casa, vem enfrentando, no debate interno e externo, o que nós chamaríamos de empurra-empurra da legalidade para não enfrentar o debate, que passou por dentro da Comissão de Direitos Humanos e Direitos do Consumidor, esse direito que nós, enquanto cidadãos e consumidores temos. Não é por um conjunto de traços, ou um amontoado de números que vamos identificar a possibilidade de adquirir ou não uma mercadoria; é, sim pelo seu preço direto. Por mais que os Vereadores venham aqui e digam que há possibilidade de sustentar, pela tecnologia, essa nova forma na relação de comércio, quero dizer que já me envolvi em várias situações em que o preço marcado lá na prateleira, com a sua referência no produto, e o preço computado na máquina, muitas vezes apresentou diferenças.

Portanto, reafirmo, e acho que é importante que os Vereadores pensem sobre isso, que neste Projeto não há um debate sobre a legalidade, há um debate sobre a sinalização que esta Casa deve fazer para a sociedade. Estamos discutindo o direito do consumidor e ele tem o direito de pegar um produto e saber o seu preço. É isso que o Projeto do Ver. Antônio Losada resgata, como a medida do Supremo Tribunal resgatou, no momento em que disse que estamos tratando não da relação entre comprador e vendedor, estamos tratando de direito do consumidor e esse direito é resgatado no momento em que nós aprovarmos o Projeto do Ver. Antônio Losada. Muito obrigado

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, se fosse pela simpatia pessoal do Ver. Antônio Losada, ele estaria ganhando, imediatamente, o nosso voto, porque é um Vereador que se relaciona muito bem dentro do Plenário, com todas as Bancadas. Mas o que estamos analisando, é um problema de um Projeto de Lei que fere, diretamente, o direito do consumidor.

Este Projeto, se for aprovado por esta Casa, e se colocado em prática pelos estabelecimentos comerciais, ao invés de melhorar a vida do consumidor, estará prejudicando-a. Ao invés de ele ser o responsável por baixar os preços, ele será responsável por elevá-los. Quem não lembra o que ocorria há algum tempo, quando os preços dos supermercados estavam liberados e subiam a todo instante: aqueles terríveis homens, com aquelas maquininhas na mão, que, na nossa frente, nas gôndolas de exposição das mercadorias, remarcavam imediatamente os preços em todos os produtos. Todos nós ficamos contentes quando conseguimo-nos livrar daqueles homens com aquelas maquininhas. Ora, o Ver. Antônio Losada, no intuito de querer proteger o consumidor, acaba fazendo com que essa maquininha retorne para dentro dos supermercados - exatamente aquilo que trazia ojeriza para todos nós, que era aquela marcação constante dos preços -, que seja, novamente, causa de repúdio por parte da população. Imaginem, senhores, que essas remarcações constantes têm um significado também de custo para os supermercados, que terão de se munir, novamente, daquelas maquinetas e de todo o equipamento para fazer aquela remarcação constante, porque temos que ver que os produtos mudam constantemente de preço, ou para cima ou para baixo. Basta que verifiquemos as listas que são apresentadas nos vários jornais da Cidade, e vamos ver que, constantemente, há a alteração dos preços desses produtos. Vamos ter, primeiramente, a ojeriza da volta do remarcador. E outra coisa que é repugnante para todos nós: o preço dessas mercadorias deve subir porque o custo dessa remarcação também vai estar presente.

Acredito que, muito embora a intenção do Ver. Antônio Losada seja muito boa, o resultado dessa intenção, se ela fosse colocada na prática, seria, realmente, nefasto para toda a sociedade.

Não quero analisar aqui, mas já foi visto pela Procuradoria da nossa Casa o fator da inconstitucionalidade do Projeto, porque se trata de relações de consumo. E ouvia o Vereador que me antecedeu, que disse que avocamos esse problema da inconstitucionalidade porque não queremos discutir o mérito. Estou tentando discutir o mérito do Projeto do Ver. Antônio Losada, mas não podemos perder de vista que a própria Procuradoria da Casa nos chama a atenção para a inconstitucionalidade, porque essa matéria, relação de consumo, está entre as matérias que são de exclusiva competência da União. Não poderíamos, aqui, estar nem mesmo discutindo sobre essa matéria.

Acredito que, até pelo carinho que temos pelo Ver. Antônio Losada, discute-se o mérito desse Projeto, mas, infelizmente, temos que levar em consideração que, se aprovado, será extremamente nefasto para toda a sociedade. Muito obrigado

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): O Ver. Paulo Brum está com a palavra. O Ver. Paulo Brum cede seu tempo ao Ver. Gilberto Batista.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho novamente à tribuna para esclarecer ao Plenário e à população de Porto Alegre, neste momento, no sentido que não há nada como um dia após o outro.

O Ver. Renato Guimarães veio a esta tribuna falando que alguns se posicionam nesta tribuna alegando inconstitucionalidade do Projeto, que isso é de competência de “A”, “B” ou “C”. Mas quero dizer ao Ver. Renato Guimarães que, por diversas vezes, Vereadores da Administração Popular, Vereadores do PT vêm a esta tribuna com Projetos que podem ser divididos, projetos de Vereadores da oposição. Quando não convém para a Bancada do PT, vêm aqui justamente dizer que é inconstitucional, dizer que é competência da área federal, do Estado e que os Vereadores fazem Projetos nesta Casa, que têm méritos satisfatórios para a população de Porto Alegre e que não podem ser votados porque são inconstitucionais. Por várias vezes eu vi o Ver. Renato Guimarães e outros Vereadores aqui nesta tribuna falarem o que ele disse agora aqui que não, que agora, como é um Projeto do Ver. Antônio Losada, não tem nada a ver com a área federal, estadual, mas que o que tem que ver é o mérito. Por favor, Ver. Renato Guimarães, V. Exa. tem um discurso para os Vereadores da oposição e para os da sua Bancada tem outro. Por várias vezes ouvi - e podemos apanhar alguns projetos da oposição - V. Exa. afirmar que os projetos são inconstitucionais, que não pode, que é da área federal ou estadual. Cito um exemplo, Vereador: o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol, sobre as lotações do Parque dos Maias e Restinga. Muitos Vereadores do PT vieram a esta tribuna dizer que é inconstitucional, que era de cunho do Sr. Prefeito. E o mérito do Projeto?

 

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Gilberto Batista, serei extremamente breve. Quero dizer a V. Exa. que o princípio da preservação da constitucionalidade é uma tarefa do Executivo, do Legislativo e do Judiciário. Nós não temos o comportamento que V. Exa. alega, e vou citar aqui um projeto do Ver. Décio Schauren - V. Exa. ainda não estava nesta Casa -, um companheiro nosso, um belíssimo Projeto, e que, apenas pela inconstitucionalidade, no caso do tratamento odontológico e com mais uma especificidade, foi vetado pelo Sr. Prefeito Municipal. Não podemos concordar com as palavras de V. Exa.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Eu é que não concordo com V. Exa., nobre Ver. Juarez Pinheiro, um dos Vereadores de primeiro mandato, mas com muita experiência nesta Casa. Eu posso lhe provar, através dos apanhados taquigráficos: vários Vereadores da Administração Popular alegam inconstitucionalidade - e cito o exemplo do Projeto do Ver. Reginaldo Pujol, que institui linhas de lotação para a Restinga e para o Parque dos Maias. Aqui foi defendido que é inconstitucional por ser uma autonomia do Prefeito da Cidade de Porto Alegre.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Projeto do Ver. Nereu D’Ávila foi sancionado ontem, um Projeto que tinha máculas de inconstitucionalidade, e nós sancionamos o Projeto.

 

O SR. GILBERTO BATISTA: Eu estou falando, Ver. Juarez Pinheiro, do discurso desta tribuna. Várias questões são debatidas nesta tribuna, mas, na prática, V. Exa. defende o seu Partido, evidentemente, mas não age assim. Eu posso citar várias obras que, aqui, são defendidas, várias leis que, aqui, são defendidas, mas que, na realidade, não acontecem. É muito fácil vir aqui discursar. Na prática, acontecem outras coisas. Discursar é bom e, por isso, eu estou dizendo: o mérito, com todo respeito, é bom.

Nas minhas discussões, quando estava na Pauta, eu sempre defendi que era um projeto excelente. Por quê? Porque temos pessoas, hoje, que não sabem ler; temos pessoas, hoje, que têm dificuldades em ler o código de barras. É essa a dificuldade. E para o consumidor estar realmente informado qual o preço que ele vai pagar por aquela mercadoria.

Eu reafirmo, o Ministério da Justiça já se colocou, como executor, permitindo que as etiquetagens voltassem aos supermercados. Agora, se os supermercados entraram com ações, está no Supremo, não é problema desta Casa: é problema da Justiça. Quero me referir a que o Ministério da Justiça já se posicionou favoravelmente. Então, não vejo por que nós, hoje, votarmos este Projeto, no sentido de que é um projeto que já foi solucionado pelo Ministério da Justiça.

E eu acredito, Ver. Antônio Losada, que este Projeto não seja um projeto eleitoral. O Ver. Renato Guimarães, aqui, disse que nós não queremos debater. Pelo contrário, nós queremos debater. Agora, só cabe para o Ver. Renato Guimarães o debate que é feito pela Bancada do PT e não pelos Vereadores da oposição.

Então, eu quero deixar claro o meu posicionamento em virtude de o Ministério da Justiça já ter-se pronunciado sobre este assunto, que já está sendo executado, esse tipo de procedimento. Agora, se está na Justiça, se está no Supremo, aí, já não compete mais a nós. Quando me refiro à Procuradoria, volto a frisar, Ver. Juarez Pinheiro, muitas vezes, aqui, foi defendida a inconstitucionalidade de vários Projetos de Vereadores da oposição, alegando inconstitucionalidade, conforme relatório da Procuradoria. O que fiz foi somente ler o relatório, pois temos que ter base, e baseio-me, justamente, para poder discutir, debater este Projeto. É isto que estou fazendo como Vereador desta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra para discutir o PLL nº 139/97.

 

O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a idéia do nosso Projeto é aperfeiçoar o sistema de código de barras, a utilização paralela ao código da etiqueta com preços em reais. Orientamo-nos para este Projeto tendo em vista o grande número de reclamações contra as grande redes de supermercados, da diferença existente nos preços colocados nas gôndolas, preços esses colocados em miniatura, às vezes, na base, quase no chão da prateleira, obrigando o consumidor a ficar de quatro para conseguir identificar o preço. Então, o grande número de reclamações fez com que o Ministério da Justiça, através da Secretaria de Economia, multasse várias redes de supermercados, com importâncias que chagavam até dois milhões e oitocentos mil. Não obstante essas medidas do Ministério da Justiça, continuaram as reclamações. Houve redes de supermercados que chegavam a alterar os preços em mais de 10%, reincidentes, aproveitando a falta de leitoras óticas nos supermercados e da colocação dos preços, quase invisíveis nas gôndolas.

E o código de barras é uma alta tecnologia, sem dúvida. Nós não somos contra, mas é um código que estabelece um preço em segredo entre o dono do supermercado e o código, com um simples apertar de botão.

Durante as compras de qualquer consumidor esses preços podem ser alterados, ainda no seu carrinho de compras. Esse código é um verdadeiro absurdo, quando não acompanhado do preço claro, evidente, transparente, em reais. Isso impossibilita que o consumidor tenha conhecimento do que ele está adquirindo a qualquer hora e a qualquer momento.

Cabe frisar que não é da cultura do povo brasileiro e não tem leitoras óticas suficientes nas grandes redes. Isso impossibilita que o consumidor tenha acesso claro e visível àquilo que está adquirindo.

Os Vereadores, às vezes, buscam exemplos na Europa, nos Estados Unidos. Na França é tudo claro, há três tipos de preços: tem código, tem nas gôndolas e nas mercadorias. Isso é o mínimo de respeito ao consumidor, e não eleva o preço. Isso faz parte do serviço, da manutenção, da relação de prestação de serviço entre o consumidor e os grandes comerciantes.

Recentemente, o Ministério da Justiça lançou uma Portaria determinando a utilização das etiquetas com preços em reais. Agora, mais recentemente, o Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, tomou medidas administrativas. Surpreende-me que o Legislativo, aqueles que são eleitos pelo voto popular, rejeitem de público uma proposta que facilite a milhões de consumidores.

Então, as medidas judiciais e as medidas administrativas por parte do Governo Federal exigem transparência.

Lamentavelmente, nos legislativos são feitos discursos afirmando que os preços serão elevados, em razão da obrigatoriedade de etiquetamento e aumento de funcionários, um cidadão, um jovem ou uma criança, para executarem essa tarefa. Há um grande desemprego. Há lucratividade nas grandes redes de supermercados. Em 1997, houve uma lucratividade em torno de 50 bilhões de reais. Sabemos da concentração de três grandes redes de supermercados, que vêm comprando as demais redes de supermercados deste País, fazendo um verdadeiro monopólio do setor. É lamentável que Vereadores vêm dizer que, colocando uma etiqueta, já que não há grandes alterações dos preços, vai influir no custo das mercadorias.

As grandes redes de supermercados têm comprometimento publicitário enorme com a grande mídia, mas não queremos aprofundar outros comprometimentos. Não queremos avaliar isso. Queremos defender o interesse do consumidor, porque ele têm direito a ter acesso aos preços daquilo que está adquirindo. Foi necessário que a Justiça, através do Superior Tribunal Federal se pronunciasse; que o Ministério da Justiça, através da Secretaria de Economia executasse. Isso deve ocorrer, pois as grandes redes devem respeitar os consumidores que pertencem aos países subdesenvolvidos.

O Ver. Gilberto Batista foi muito feliz, quando disse que os consumidores do Primeiro Mundo são os mais esclarecidos e, no Brasil, existe uma população que, às vezes, tem dificuldade de compreender. Portanto, os preços devem estar visíveis para possibilitar que lembrem do preço de trinta mil itens. Numa grande rede de supermercado, aqueles que têm grande rotatividade, a grande massa de consumidores não consegue assimilar e gravar esses preços, ficando o restante de milhares de itens sobre o controle de um código, quase secreto, do dono de supermercado, chamado código de barras. Sabemos que o código de barras facilita aos proprietários: o controle de estoque, o controle de mercadorias nas gôndolas.

A obrigação do Poder Público, da Justiça, do Legislativo é de proteger, exatamente, a grande massa que acorre a supermercado quase que diariamente. Não temos dúvida nenhuma de que os Vereadores vão aprovar o Projeto, porque ele atende uma necessidade gritante para evitar os constrangimentos diários nas caixas de supermercados. Constrangimento esse que faz com que o consumidor tenha que deixar a mercadoria no caixa, pois não tem dinheiro suficiente para pagar sua conta, o seu rancho, porque o cálculo que ele listou até ali não corresponde ao anunciado pelo caixa. Somos sabedores que as chamadas promoções de supermercados, aquelas mercadorias colocadas nas esquinas das gôndolas, com preços em manchetes, quando elas estão colocadas em seus lugares de origem, não é obedecida a promoção, é cobrado preço normal; somente quando o consumidor reclama e contesta no caixa, é chamado o gerente de caixa para fazer a devida observação.

Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras: este Projeto não causa custo significativo nenhum. As alterações dos preços, hoje, não são semanais, não são mensais. Muitas vezes, esses preços são alterados de acordo com a ganância de cada comerciante, uma vez que não há controle e não há um tabelamento. A colocação da etiqueta vem possibilitar que o consumidor tenha um controle do chamado combate à inflação. Vem possibilitar que o consumidor, de uma maneira transparente, democrática, tenha, a qualquer momento, acesso à mercadoria que está adquirindo. Se observarmos os exemplos da Europa, onde as grandes redes de supermercados são obrigadas a colocar preço em cada produto, além do código de barras, que é um código que também pode falhar, é uma máquina, por que não pode falhar? E se ela falhar, como é que o consumidor vai identificar essa falha? No momento em que centenas de pessoas procuram, devido à dificuldade de tempo, passar nos caixas para efetuar o pagamento de suas compras.

Srs. Vereadores, deixo aqui um apelo, com a responsabilidade dos Vereadores, com o comprometimento que eles têm com uma população esclarecida, como é a população porto-alegrense, que pensem duas vezes, que pensem no interesse do consumidor, da grande massa e que não pensem em favor de três grandes redes de supermercados nacionais que quase que monopolizam esse tipo de comércio. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, Ver. Pedro Américo Leal, está-se buscando, aqui, fazer uma dicotomia, colocando de um lado os grandes supermercados e de outro a população.

Entendo que o Projeto não prejudica os grandes supermercados e beneficia a população, porque, se as grandes redes de supermercados não fazem a remarcação eletrônica, não têm por que temer que tenhamos nas gôndolas, nos produtos, a marcação dos referidos preços. Precisamos fazer um despacho saneador e verificarmos de uma parte: a proposição é constitucional? É legal? É ou não? Eu penso que é e vou dizer o motivo. E em segundo lugar, ela tem mérito, vem ao encontro dos interesses da população ou não vem? Eu penso que vem. Creio que essa é a discussão.

No que tange à questão da legalidade, da constitucionalidade, estamos absolutamente diante de uma proposição legal e constitucional. Vou dizer porquê. Em primeiro lugar, cabe ao Município o ordenamento das atividades urbanas, ou seja, a busca do lucro nunca pode ficar de forma preponderante acima dos interesses gerais da população. Então, cabe ao Município fazer o ordenamento das atividades urbanas.

De outra parte, o Código de Defesa do Consumidor é absolutamente lapidar na sua definição, ele coloca a União, os Estados e os Municípios, os três entes da Federação, como os responsáveis pela consecução, fiscalização e pelo acompanhamento do Código de Defesa do Consumidor. Com base no Código de Defesa do Consumidor e com base no princípio da política administrativa, que cabe aos municípios, não há nenhuma mácula no que tange ao processo. O Superior Tribunal de Justiça, através de uma das suas Câmaras, Ver. Cláudio Sebenelo, de forma unânime, determinou que três grandes redes de supermercados nacionais passassem a aplicar as etiquetas também junto com o código de barras. No que tange à questão da legalidade, da constitucionalidade nós não temos nenhuma mácula para aprovar este Projeto.

O que interessa mesmo é discutirmos se ele tem méritos ou não. O Vereador propositor já colocou de forma clara duas questões. Em primeiro lugar, as grandes redes de supermercados na Europa utilizam além do código de barras também as etiquetas. Nós queremos importar todas as questões que nos parecem importantes no Primeiro Mundo, agora aquelas que são boas para a nossa população, nós não vamos querer importar também? Além do mais, nós temos uma cultura, neste País e nesta Cidade, de que preço das mercadorias estão nas gôndolas. Eu quero dizer isto, porque quero ser verdadeiro e não quero aqui fazer perfumaria: há Vereadores que têm relação com supermercados, e essa relação, ao meu juízo, não tem nada de espúria. Trata-se de uma relação com um setor econômico da Cidade, um setor que gera empregos, que adquire mercadorias de pequenos e médios produtores. Eu não tenho nada contra essas empresas e nada contra a que Vereadores se relacionam com supermercados. Eu sei de supermercados que presenteiam alguns Vereadores com cestas para que eles distribuam à população pobre, eu não tenho nada contra, eu não estou denunciando isso. Agora nós precisamos ter clareza de que, enquanto representantes populares, estamos aqui defendendo os interesses gerais da população. Não existe, Ver. Cláudio Sebenelo, essa dicotomia, de que aprovando o Projeto do Ver. Antônio Losada ...

 

O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nunca recebi nada de supermercado e, se receber, mando de volta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Não acusei V. Exa.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. adianta uma coisa que me causa surpresa: eu não sabia disso, de que há Vereadores que recebem cestas

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Mas eu informei. Mas não quero tratar disso, Vereador. Estou tratando do Projeto.

O que quero chamar a atenção nesse momento é de que, nós votando e aprovando o Projeto do Ver. Antônio Losada, estamos ficando do lado da população, e não estamos ficando contra os supermercados, que é uma atividade econômica que traz o desenvolvimento para a nossa Cidade. Estamos apenas cumprindo a nossa obrigação, porque estamos aqui pelo voto popular e não pelo voto de empresas.

Então, não há motivo, se não é ilegal, se não é inconstitucional, se o Projeto tem méritos, não há motivos, Srs. Vereadores, sob pena de pagarmos um preço muito alto, para que, ao final dessa votação, não venhamos a aprovar a proposta do Ver. Antônio Losada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para uma Questão de Ordem, tem a palavra o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, foi feita uma acusação bastante grave aos Vereadores desta Casa e à Instituição. Acredito que isso não pode ficar pesando sobre essa Casa dessa forma. Se existem Vereadores que estão sendo desrespeitosos com esta Instituição e com a sociedade que representam esses Vereadores devem ser nominados. Se existe algum Vereador que esteja recebendo cestas de supermercado, como disse o Ver. Juarez Pinheiro da tribuna, esses também devem ser nominados, porque esses Vereadores devem ser penalizados individualmente, senão toda a Instituição é penalizada. Cabe ao Vereador fazer a representação junto à Mesa contra esses, ou, então, deve retirar essas afirmações, porque elas pesam sobre a Instituição, e isso não é bom a nenhum de nós.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, o Ver. Luiz Braz, pelo visto, não escutou a minha intervenção, ou está com problemas auditivos. Mantenho na íntegra a minha intervenção.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Juarez Pinheiro, solicito que V. Exa. preste um esclarecimento à Mesa, por gentileza. Eu também não me fixei, mas a frase construída por V. Exa. é de que há Vereadores que recebem cestas básicas?

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Vereador, fiz a minha intervenção, as notas taquigráficas estão à disposição. Mantenho na íntegra a minha intervenção; e não vou receber, aqui, admoestações.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. foi indelicado com a Mesa que apenas queria saber o que V. Exa. disse realmente. Como V. Exa. não quis dizer, eu agradeço a indelicadeza. Agora, se disse isso, eu peço as notas taquigráficas do pronunciamento do Ver. Juarez Pinheiro. Se foi dito o que o Ver. Luiz Braz afirmou, este Vereador, tomará providências, como Vereador da Casa. Não aceito a pecha de precisar receber cesta básica de quem quer que seja. O Ver. Luiz Braz tem razão quando diz que isso faz com que caia suspeita sobre toda esta Casa. Se isso foi dito, foi uma irresponsabilidade e eu vou exigir, como Presidente da Casa - não lhe dou aparte. Como Instituição, eu defendo esta Casa, e esse Vereador terá que provar quem recebe cesta básica, na Justiça.

 

O SR. GILBERTO BATISTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu, como Vereador desta Casa, também solicito que o Vereador dê os nomes, porque isso não pode ficar em branco.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, o Vereador não quis dizer os nomes e eu pedi gentilmente, mas ele não quis dizer os nomes. Mas o Ver. Juarez Pinheiro, indelicadamente não quis responder à Mesa, o que é um direito dele, eu só queria, até, ajudá-lo.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Ver. Nereu D’Ávila, nós temos mantido uma boa relação e eu desejo mantê-la até o final do nosso exercício. O que eu disse, e acho que V. Exa. não se apercebeu, porque conversava, acho que com o Ver. João Bosco, essa foi a minha intenção. Não quis de forma alguma colocá-lo em dificuldades. Quero dizer isso dessa forma, absolutamente clara e cristalina. O que eu disse foi que, V. Exa. estando, no momento, sendo interpelado por outro Vereador, sobre outro assunto, não escutou a minha intervenção, e que o Ver. Luiz Braz, como faz, eu sempre digo, é uma bela voz, mas com idéias distorcidas, descontextualizou a minha intervenção, pegando apenas um ponto e querendo colocá-la como fulcro do meu discurso. O meu discurso contextualizado e, com certeza, quando V. Exa. que é uma pessoa equânime, apanhar as notas taquigráficas, que eu mantenho na íntegra. V. Exa. verificará que o meu discurso não teve nenhuma ofensa a nenhum Vereador, nem a esta Casa. É isso que eu quis dizer a V. Exa., que, se eu fosse respondê-lo, de forma parcial sobre uma frase, eu não poderia transmitir a V. Exa. o que eu disse. Eu quis dizer que V. Exa. precisaria ler todo o meu pronunciamento e, aí sim, se entender que tem que tomar as medidas, V. Exa. está liberado, como qualquer Vereador está liberado. O que eu estou dizendo é que a minha intervenção...

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. foi indelicado.

Agora, sim, agradeço V. Exa., Vereador, à manutenção do cavalheirismo que tem inspirado este Presidente em relação a todos os Vereadores. Com V. Exa. realmente estranhei, porque tenho tido até agora, e espero manter, não só uma relação afetuosa de amizade, como também no relacionamento das questões administrativas. Então, agora, sim, a resposta de V. Exa. foi a este Presidente, cavalheiresca e, evidentemente, afirma V. Exa. que no contexto do discurso V. Exa. teve um conteúdo. Estamos entendidos, verificaremos o contexto, e voltando à tranqüilidade.

Também quero dizer que não fiz ameaça nenhuma, só quero, e sempre farei, aliás, é obrigação preceituada na Lei Orgânica, defender a Instituição como um todo.

O Ver. Décio Schauren está com a palavra para discutir.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é importante dizer que o código de barras é uma forma de controle das empresas. Isso é importante dizer, porque para o consumidor não serve como forma de controle, ele é ilegível. Agora, todo bom comerciante, todo bom empresário deve, sem dúvida, ter uma relação respeitosa com o consumidor, com aquele o qual vai negociar. Nesse ponto, a transparência em termos do preço daquilo que o consumidor vai comprar é fundamental. Acredito que nenhum Vereador aqui tem dúvida de que esta forma que nós encontramos, hoje, nos supermercados não é a melhor forma. E também, nós sabemos que existem, hoje, condições técnicas de, em vez de apenas colocar o código de barras que é ilegível ao consumidor, ter-se, de forma paralela, o código de barras, que é a máquina que vai ler,  podendo ter o preço de forma legível para o consumidor. Isso nós também sabemos, como já disse, têm formas técnicas de se fazer e não implica em altos custos, o custo e a diferença no preço final é mínimo. Então, por que não fazê-lo?

Vejam bem, não estou, aqui, colocando como réus todos os empresários, muito pelo contrário, nós sabemos, por exemplo, que, no Rio de Janeiro, grandes supermercados já foram multados várias vezes e são reincidentes nesta questão de fraudar preços através do código de barras.

É muito difícil, por exemplo, alguém que vai ao supermercado e acompanha a leitura na telinha na hora que passam os produtos, é quase impossível. Por isso, é importante que a pessoa, quando vai escolher um produto, possa, de fato, com toda a facilidade, ler o preço do produto. Quero dizer que, há pouco tempo, fui a um supermercado que tinha uma promoção de vinhos. Essa marca de vinho estava em um determinado ponto de promoção, só que nesse ponto os vinhos terminaram rapidamente. Fui, então, na prateleira onde encontravam-se outras marcas de vinho e lá encontrei o vinho da promoção, levei duas garrafas. Para minha surpresa, inclusive já alertado pelo Projeto do Ver. Antonio Losada, fui conferir na hora de passar o produto e, na verdade, o preço que foi registrado não era o mesmo da promoção. Fui reclamar à gerência do Supermercado, que, prontamente, autorizou que o preço fosse daquele da promoção. Imaginem, se eu não fosse conferir, teria pago a mais.

Então, ao bom comerciante, ao bom empresário interessa ter uma boa relação com o consumidor, para ele interessa essa transparência. Quero deixar claro que nós temos bons empresários, e maus empresários que têm interesse em lograr o consumidor.

Aqui, nesta Casa, se alguém levanta a questão da inconstitucionalidade, neste momento é discutível, em primeiro lugar; mas, em segundo lugar, isso para mim, é uma questão secundária. Esta Casa tem obrigação, Sr. Presidente, de tomar uma medida, esta é uma Casa que tem respeito da comunidade, tem imposto um respeito pela forma séria que tem tratado as questões, e tem hoje obrigação de tomar uma medida diante dos problemas que tem havido com o código de barras. Respeitamos, é uma forma de controle do empresário, mas precisa haver essa transparência para o consumidor e esta Casa tem que dizer isso aprovando o Projeto do Ver. Antônio Losada. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir por cessão de tempo da Vera. Tereza Franco.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Pedro Américo Leal sempre é uma honra poder contar com o aparte de V. Exa.

 

O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. foi acusado de ter uma bela voz, o que demonstra a sua vocação radiofônica. Mas fiquei pasmado ao, sua cabeça, ser classificada por conter “idéias distorcidas”. Então, quando inicia o seu discurso, antes de apresentar as suas idéias, eu apresento o meu protesto quanto a essa classificação.

 

O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para retirar a palavra “distorcidas” da minha intervenção.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu agradeço a V. Exa., Ver. Juarez Pinheiro. Tenho uma admiração muito grande por V. Exa., temos uma amizade há muito tempo. Não fico brabo que me classifiquem de todas as formas que assim o quiserem, mas vou continuar tendo as minhas idéias. Para muitas pessoas podem parecer distorcidas, mas, para uma corrente que eu represento aqui nesta Casa - há bastante tempo, 17 anos que estou aqui, e antes de estar aqui eu já defendia essas idéias -, eu acredito que, para essa corrente, essas idéias não são distorcidas. Então, para mim, isso basta, porque, afinal de contas, eu acredito que não exista nenhum de nós, a não ser o Ver. Pedro Américo Leal, que tenha unanimidade aqui nesta Casa.

Todos nós temos divergências, mas o Ver. Pedro Américo Leal, é alguém que é admirado por todas as Bancadas e correntes, e faz jus a isso, exatamente, pelo seu passado e pela sua trajetória.

Mas eu vou trazer à luz, Ver. Nereu D’Ávila, uma questão extremamente séria, na qual teve a participação de V. Exa. V. Exa., há algum tempo atrás, descontente, assim como toda sociedade, com os horários bancários, propôs a esta Casa que estabelecêssemos aqui horários para os bancos. Nós votamos favoravelmente, porque acreditávamos e continuamos acreditando que V. Exa. tinha toda a razão quando estava abordando aquele tipo de matéria. Eu sei que V. Exa. só fez a matéria tramitar porque existiam dúvidas, tanto de V. Exa. quanto dos Vereadores que votaram a matéria, se nós tínhamos direito de votar ou não. O que nós não podemos fazer é criar falsa expectativa nas pessoas. Posteriormente, os tribunais acabaram votando contrários ao direito desta Casa de regrar o horário bancário. Eu sei que V. Exa. teve a melhor das intenções. Eu sei que os Vereadores que votaram esta matéria, aqui nesta Casa, tiveram também boas intenções. Só que todos nós, juntos, acabamos frustrando a população que pensava, naquele momento em que aprovávamos aqui o Projeto, que agora teríamos outros horários bancários e que poderíamos regulá-los.

Nós estamos, agora, diante de um caso onde não existe dúvida em relação à inconstitucionalidade. Antes, reinava a dúvida. Eu mesmo tinha dúvidas sobre a competência ou não desta Casa para estabelecer horários bancários e ainda as continuo tendo. Agora, não existe nenhuma dúvida: é da Constituição as atribuições sobre as relações de consumo, estão previstas nas “Competências Exclusivas da União”. Se nós votarmos, aqui, esta matéria - agora eu estou analisando o lado da inconstitucionalidade -, nós poderemos estar, Ver. Pedro Américo Leal, criando uma falsa expectativa. Eu não estou mais analisando a questão dos prejuízos que a população poderá sofrer com a volta das “maquininhas” de remarcações de preços - isso vai haver -; eu estou analisando o problema da inconstitucionalidade. Nós temos o direito, Ver. Pedro Américo Leal, de continuar criando falsas expectativas na população, aprovando, aqui na Câmara, projetos que, por não serem da nossa área de competência, vão acabar fazendo com que a população tenha um entendimento completamente errado do que está acontecendo? Daqui a pouco, a população vai ver este Projeto aprovado e, quando for ao supermercado, vai ver que não há marcação de preços nos produtos. E nós perderemos a oportunidade de fazer uma grande discussão com os supermercados no sentido de que todos tenham aquele aparelho para a verificação dos preços em todos os corredores, o que ajudaria os consumidores. Aliás, alguns supermercados já os têm. Eu penso que essa poderia ser uma saída. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Giovani Gregol está com a palavra para discutir.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, andou bem, o meu colega Antônio Losada, ao apresentar, à apreciação desta Casa e sob a fiscalização desta Cidade, este Projeto de Lei. Eu até quero dizer aos colegas, àqueles que nos ouvem, que nos vêem, que eu estou surpreso com o rumo que tomou esta discussão, porque eu considero que o Projeto do Ver. Antônio Losada é um projeto., como dizia o grande dramaturgo Nelson Rodrigues, famoso brasileiro, é um projeto - é uma pena que muitos Vereadores não estão-me ouvido, principalmente da oposição - do óbvio ululante. Como alguém pode ser contra favorecermos o consumidor no Município de Porto Alegre? Aqui onde temos jurisdição, onde foram eleitos os 33 Vereadores, eu sou o 1º suplente da brava Bancada do PT, mas já fui eleito por dois mandatos, com muita honra. Como alguém de sã consciência pode ser contra este Projeto?

São argumentos que fogem ao mérito da questão, que não enfrentam o básico, ou seja, temos no nosso País, hoje, uma população de baixa renda, de classe média, que também é de baixa renda, massacrada economicamente. Qual dos telespectadores, dos que estão nos ouvindo, quais podem dizer que não têm dificuldades financeiras, que não lutam com dificuldades para pagar suas contas, pagar supermercados, água, luz, escola dos filhos, material escolar, e assim por diante?

Então, a lógica elementar, que até uma criança de cinco anos entende, é que devemos fazer tudo o que for possível para resguardar os interesses, a começar pelo bolso, que dizem que é o órgão humano que mais dói - não sei, acho que o coração é o mais sensível -, para resguardar o bolso dos eleitores porto-alegrenses.

Mas, aqueles Vereadores da oposição, não todos, mas os que estão vindo à tribuna e que vão votar contra o Projeto do Ver. Antônio Losada, não estão preocupados com a crise, eles não vivem neste Brasil em que é difícil pagar a conta do supermercado, do armazém, da escola, da farmácia. Eles estão preocupados com os interesses dos supermercadistas, que até alguns não vão bem, mas foram eleitos para defender os interesses, eventualmente, alguns até sistematicamente, mas foram eleitos para defender, prioritariamente, os interesses da massa consumidora, Ver. Juarez Pinheiro.

Estou estranhando, porque me ataca uma apoplexia, um sentimento de ser personagem de um livro de Franz Kafka, Ver. Antônio Losada, pois eles vêm, aqui, preocupadinhos: “Meu Deus, o que será daquele lucro, algumas vezes já estupendos, de algumas redes de supermercados - supermercados que estão espoliando o nosso povo -, o que será deles? Não vamos votar no Projeto do Ver. Antônio Losada” Para que facilitar a vida do consumidor que está tão bem? O brasileiro está ganhando tão bem, não está endividado, não está devedor no cheque especial, não está pendurado no cartão de crédito. Para que se preocupar com o bolso dessa gente? “Vamo-nos preocupar com o bolso dos grandes empresários. Depois, os ‘trouxas’ votam na gente do mesmo jeito, com ou sem sacola, eles esquecem, brasileiro tem memória curta.”

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Giovani Gregol, seu tempo está esgotado, o Ver. João Motta inscreve-se e cede seu tempo a V. Exa. que tem mais cinco minutos.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Obrigado, Sr. Presidente. Estou polemizando, aqui, polêmica não é novidade em parlamento nenhum do mundo, muito menos neste. Estou exercendo o meu justo direito de manifestação de opinião, meu jus espenienti. Realmente, estou atacado por um sentimento de estranheza, porque é um momento de crise econômica absoluta, de dificuldade da nossa população para botar alimentos na mesa para suas famílias e, esta Casa tendo oportunidade de ouro que tem, de beneficiar, de facilitar, que seja em tese, a vida desse consumidor já tão massacrado pela crise econômica, pelo desemprego, pelo subemprego, não o faz, abre mão disso. Com a desculpa de: “Não sei por que, não sei das quantas, não sei se vai funcionar, talvez haja outras alternativas”. Mas não apresentam outras alternativas.

 

 O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa permite um aparte? (Assentimento do orador. ) V.  Exa., de uma forma exemplar, coloca as questões desse Projeto com a sua verbosidade, o que faz que se veja ainda mais a sua validade, a sua eficácia e a sua importância.

Quero aproveitar a sua brilhante intervenção para abordar a questão do Ver. Luiz Braz, com tranqüilidade abordou da inconstitucionalidade e da ilegalidade. Com esse Projeto, o Ver. Antônio Losada não está interferindo nas relações de consumo, aí, sim, haveria a inconstitucionalidade.

A questão formal da colocação de etiquetas não entra na cadeia de produção, nem de comercialização. Portanto, a legislação que faz o Ver. Antônio Losada fica dentro do poder de polícia, ou seja, a possibilidade e a obrigação que tem o município de ordenar as atividades econômicas, para que os interesses do lucro não fiquem acima dos interesses gerais da população .

E para concluir, quero dizer que o Código de Defesa do Consumidor coloca os três entes, União, Estado e Município, para tratarem da defesa do consumidor. Portanto, não há nenhuma ilegalidade, nenhuma inconstitucionalidade. E o que vale é o mérito que V. Exa., agora, com tanto brilho aborda.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Perfeitamente, Vereador, eu entendo que não há óbice ilegal, mas se houvesse, na dúvida, pró-réu. O formalismo legal, Srs. Vereadores, não pode servir de desculpas para nenhum parlamentar no mundo e nesta Cidade deixar de cumprir com a sua obrigação para a qual ele foi eleito. Há dúvida? Pró-consumidor, que está passando fome, que tem dificuldade de pagar quando passa nos caixas dos supermercados. E muitas vezes, como já vi, o consumidor tem de se humilhar, deixando boa parte das suas compras de lado porque não tem condições de pagá-la. Em dúvida? Pró-consumidor. Insisto, é um sentimento kafkaniano me assola. Parece que para alguns Vereadores o Brasil está bem, a classe média está rica, o emprego é pleno emprego. Estão preocupados em quanto o supermercado vai gastar em etiquetas. Não posso acreditar, será que é isso que ouvi? E hoje as grandes redes de supermercados são apenas cinco. Mais da metade das vendas em supermercados no Brasil, hoje, são monopolizadas por cinco ou seis redes apenas, e a maioria delas multinacionais. Não vou nem citar o nome, porque todo mundo sabe. Então estamos com pena dessas redes globalizadas de supermercados porque vão gastar muito em tíquetes! Mas não damos sequer o mesmo tratamento ao pobre consumidor, penalizado, que cada vez compra menos e que eventualmente - eventualmente, como foi citado aqui, até por engano, não por má-fé - é passado para trás, não lhe é dado o mesmo tratamento. Será que o consumidor não está precisando comprar mais? Será que ele não está precisando controlar melhor os preços? Será que ele não está precisando consumir mais e melhor? Será que lhe está sobrando dinheiro? A resposta será dada pelo voto dos Srs. Vereadores e os telespectadores estão fiscalizando. Obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maristela Maffei está com a palavra, para discutir a Pauta.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, antes de começar minha intervenção, quero conceder o aparte à Vera. Tereza Franco, pois ela estava aguardando.

 

A Sra. Tereza Franco: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Agradeço, Vera. Maristela Maffei. Quero deixar e mostrar aos meus eleitores que fui favorável à aprovação deste Projeto, que não é como o Ver. Giovani Gregol está dizendo. Eu, aqui ou lá, sou a favor deles. Muito obrigada pelo aparte.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Senhoras e senhores, na verdade, foi dito aqui, pelo Ver. Luiz Braz, que nós estamos trabalhando na possibilidade de uma falsa expectativa. Por outro lado, assistimos nesta Casa, semanalmente, Vereadores da oposição, que aqui estão-se manifestando contra este Projeto, dizerem que nós não queremos trabalhar no âmbito do nosso Município, que nós apenas nos preocupamos com questões estruturais da sociedade, com questões nacionais, que nós só queremos bater no Presidente Fernando Henrique Cardoso. Estou pasma, pois estamos trabalhando num projeto de fundamental importância para o nosso Município, queremos justamente zelar por nossos consumidores, é um tema que atinge toda a sociedade, e estamos sendo atacados de não estarmos protegendo as questões do consumidor. Ora, pelo que entendi, este Projeto diz respeito à defesa do consumidor, que é uma atribuição do Município, Estado e União. Estamos perfeitamente dentro da Lei Orgânica, da Constituição Estadual e Federal. Sinceramente, Ver. Luiz Braz, eu não entendi qual é a preocupação de V. Exa. quando diz que estamos criando uma falsa expectativa.

Por outro lado, então, aqui, num simples projeto, podemos detectar uma questão que está, entre nós, muito clara, que é a questão da luta de classes, tão propagada de que não existe mais. Vamos ser claros! Temos que esclarecer à população de Porto Alegre quem defende quem aqui dentro desta Casa. E eu penso que aí, sim, temos que dar razão ao Ver. Giovani Gregol, porque nós, sim, estamos preocupados com os consumidores, principalmente aqueles menos abastados. Mas sentimos que, em algumas intervenções, aqui, há a preocupação com os grandes lobbies dos supermercados. Então, senhoras e senhores que estão nos assistindo, temos aqui um panorama claro, e muito bem fez a Vera. Tereza Franco em colocar de que lado está e o que realmente defende. E temos aqui, desmascarados, realmente, quem está ao lado da população e, quando fazem as suas campanhas nos anos eleitorais, onde estão colocados esses Vereadores. Considero impossível que os Vereadores desta Casa não votem a favor deste Projeto, um projeto importantíssimo para a comunidade de Porto Alegre. Estamos legislando para a população de Porto Alegre. Se esse Projeto não vem ao interesse do consumidor, que está sendo profundamente atingido neste momento, então eu desconheço, nessa área, um outro projeto que tenha um mérito de tanta relevância. Portanto, quando entrarmos em processo de votação - e não é uma questão de constrangimento, é uma questão real - nós vamos estar realmente vendo, na prática, quem são esses Vereadores e Vereadoras que estão ao lado do consumidor e do povo de Porto Alegre.  Este Projeto parece ser tão simples, mas traz uma realidade tão precisa e tão forte que desmascara, na verdade, na hora do voto. Vejam, na prática, aqui, na Câmara dos Vereadores, como se dão as coisas.

Então, encerrando, quero dizer que esta Casa, mais do que nunca, às vezes, nos pequenos detalhes flagra a real intenção, e aí eu gostaria de retornar à questão abordada pelo Ver. Juarez Pinheiro: todos nós sabemos como se dá a política em nível nacional, e todos nós sabemos qual é o conceito que a população brasileira tem das casas parlamentares, e eu acredito, profundamente, que esse conceito não se aplique a nossa, mas isso nós vamos ver na prática. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, para discutir.

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não gostaria de, durante a discussão, personalizar, mas o baixo nível em que foi colocada essa discussão me obriga a fazer a defesa. O Ver. Giovani Gregol, com o seu simplismo e reducionismo demagógico, diz que estamos discutindo o óbvio ululante. Se fosse assim, nós não estaríamos aqui discutindo. Ele está desprezando a inteligência do conjunto da Casa. Logo, o Ver. Giovani Gregol, defensor da ecologia e do meio ambiente, silencia agora, quando discutimos o assunto da lixeira da Estrema. Eu quero saber qual a sua opinião, Vereador. Ver. Giovani Gregol, e se o senhor virá aqui para dizer que é a favor daquela localização.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Giovani Gregol.)

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Se o assunto estivesse ocorrendo em baixo nível, V. Exa. pode ficar certo de que a iniciativa não partiria deste Vereador. Não é do feitio deste Vereador partir para o baixo nível. Enquanto tentarem conseguir votos, junto à oposição, falando na ganância das pessoas, dos comerciantes...

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Giovani Gregol.)

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, por favor, preciso continuar o meu discurso. Eu também não lhe chamei de baixo nível, Ver. Gregol. O baixo nível não está no que é dito aqui, mas na insinuação, na entrelinha, quando o Vereador chega aqui e diz que alguns Vereadores de oposição estão preocupados com os interesses dos supermercados. Isso é mentira! Nós podemos nos opor a uma idéia aqui do Partido dos Trabalhadores, sem que haja outro interesse a não ser o interesse da população. O que V. Exa. fez, isso sim, sem ter a coragem de dizer quem está ligado aos supermercados e nominar as pessoas, fazendo essa infâmia generalizada, assim como o Ver. Juarez Pinheiro não foi feliz no seu discurso. Eu também, muitas vezes, não fui feliz no meu discurso, e eu compreendo isso.

 

(Aparte anti-regimental do Ver. Juarez Pinheiro.)

 

O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu escutei plenamente sua intervenção e cabem várias interpretações nas entrelinhas do seu discurso. Não é na linha, não, é na entrelinha do seu discurso. A insinuação é mil vezes pior do que a acusação, porque ficam soltas as penas do travesseiro, e essa é uma estratégia que nós não devemos aceitar aqui. E não vão me dar a pecha de ser contra o povo, em absoluto! Eu acho que temos o direito de discordar, temos o direito, inclusive, de saber que é um tema extremamente complexo, que há uma discussão em toda a sociedade em relação ao aspecto jurídico, ao aspecto prático dessa questão. A repercussão desses problemas, inclusive no preço ao consumidor, é um tema muito complexo, e vem o Ver. Giovani Gregol, no seu simplismo reducionista, dizer que isto aqui é o óbvio ululante. Não. Não é verdade! Não é o óbvio ululante. É muito difícil, é complexo o Projeto, e, com esse tipo de argumentação, insinuando aleivosias muito sutis contra colegas que estão aqui, diariamente trabalhando em benefício do povo, dessa forma, baixando o nível, como foi feito aqui hoje, eu quero dizer que muitas dessas pessoas que votariam a favor do Projeto mudaram seu voto e votaram contra.

Eu não quero vocês como advogados de defesa de qualquer causa minha, porque não se pode, em absoluto, num debate em que muitos dos Vereadores estejam em dúvida sobre seu voto, insinuar qualquer coisa contra eles. O nível dessa discussão, devemos tentar melhorar. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol, está com a palavra para discutir o PLL nº 139/97.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tem razão o Ver. Cláudio Sebenelo quando estabelece que esta discussão se dá em um clima negativo, na medida em que as pessoas que vão decidir sobre esta matéria são, de antemão, colocadas sob suspeição, parecendo que quem, no exercício da sua atividade parlamentar, tomar posição diferente daquela que é proposta no Projeto, assim o faz porque está sendo objeto de gentilezas da rede de supermercados. Ver. Losada, lamentavelmente, é esta a situação em que ficamos. Quero, tranqüilamente, dizer que não tenho a menor dúvida em me posicionar de acordo com aquilo que penso ser correto no assunto, como em qualquer situação que se passa aqui na Casa, porque já tenho tempo muito largo de vida pública para receber e aceitar esta circunstância de que o meu voto, em determinada matéria, possa ser motivado por receber gentilezas de uma rede de supermercado. Eu ficaria enciumado se, no meio desses, alguns Vereadores não estivessem recebendo essa quota que, segundo consta, é entregue a determinados Vereadores. O Ver. Luiz Braz se solidariza comigo no ciúme ou no protesto? No ciúme.

Mas a discussão, no que puder ser colocada em termos não-passionais, vai-se limitar a dois aspectos: um, já discutido, amplamente, aqui na Casa, que diz respeito à inconstitucionalidade da matéria, e esta inconstitucionalidade não foi declarada por nenhum Vereador malvado, esta inconstitucionalidade foi declarada pela própria Procuradoria da Casa, que assim estabeleceu, em que pese o Vereador....

 

(Interrupção da Sessão por falta de energia.)

 

O SR. PRESIDENTE: Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 12h01min.)

 

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